DEFINIÇÃO
“Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.” (Rouquayrol e Goldbaum, 1999).
Outros autores, ao longo do tempo, conceituaram a epidemiologia de diversas formas, contudo podemos dividir a definição da epidemiologia em três formas pensamento: a do senso comum; a do senso amplo e a do senso etimológico.
Senso comum: “Doutrina das epidemias”
Senso amplo: “Ciência dos fenômenos de massa”
Etimológico: “epi = sobre; demos = povo e logos = estudo”
Historicamente, a epidemiologia está relacionada à idéia de grupo, de coletivo. Sendo a população seu objeto de estudo. Contrastando com a metodologia médica, mais voltada para a doença do que para a saúde em si, a epidemiologia e seus conceitos evoluíram especialmente no último século. Frost, em 1927, a definia como “ciência das doenças infecciosas enquanto fenômenos de massas ou de grupos (populações)”. Maxcy, 1951, “ramo da medicina que estuda a relação entre os diversos fatores que determinam a extensão e propagação em uma coletividade humana de uma doença infecciosa ou de um estado fisiológico definido”. Percebe-se que já existe uma aproximação do conceito atual e há um avanço referente à relação entre os determinantes de adoecimento. MacMahon e Pugh, posteriormente, a definem em “estudo das distribuições da doença no homem dos fatores que determinam sua freqüência”; EIA, 1974, “é o estudo dos fatores que determinam a freqüência e distribuição do processo saúde-doença em populações humanas”.
PRINCIPAIS USOS DA EPIDEMIOLOGIA
- Diagnóstico da situação de saúde
- Planejamento e organização dos serviços
- Avaliação das tecnologias, programas ou serviços
- Aprimoramento na descrição do quadro clínico das doenças
- Identificação de síndromes e classificação de doenças
- Investigação etiológica
- Determinação de riscos
- Determinação de prognósticos
- Verificação do valor de procedimentos diagnósticos
- Análise crítica de trabalhos científicos
HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA
A epidemiologia teve origem na idéia de que fatores ambientais podem influenciar a ocorrência das doenças. Porém a medida das doenças de ocorrência comum nos grupos populacionais só passou a ser feita no século XIX. O exemplo clássico e marcante do início desta ciência foi um estudo realizado por John Snow, em Londres no século 19 e 20. Neste estudo ele constatou que o risco de adquirir cólera estava intimamente relacionado ao consumo de água fornecida por determinada companhia. Na meticulosa investigação, Snow construiu uma teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era disseminada através da água contaminada, mesmo antes da descoberta do bacilo causador do cólera. Pode, dessa forma sugerir alterações na forma em que a água era distribuída e na forma de saneamento da cidade.
Seguindo este exemplo, a epidemiologia tem sugerido medidas à saúde pública apropriadas ao combate de doenças de alcance amplo. Na atualidade, as doenças transmissíveis permanecem como desafio às ações em saúde. Países em desenvolvimento onde a malária, esquistossomose e hanseníase são endêmicas, tornam-se o desafio da epidemiologia, principalmente na detecção dos índices de eficiência de programas implementados. O comportamento e o estilo de vida são também de grande importância hoje. As doenças relacionadas a causas cardiovasculares, pulmonares, renais etc, têm levado a medidas de prevenção e de promoção de saúde importantes. A aplicação de métodos epidemiológicos no manejo dos problemas encontrados na prática clínica, traz informações importantes para decisões médico-curativas também.
Enfim, a importância da epidemiologia pode ser constatada em diversas áreas da saúde, tornando-a cada vez mais imprescindível ao cotidiano do profissional de saúde, seja no contexto da saúde pública, da gerência em saúde ou na prática clínica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T.; Epidemiologia Básica. 1.ed., São Paulo: Livraria Editora Santos, 1996. p.1-4.