Síndrome respiratória aguda grave (SARS)
Síndrome respiratória aguda grave (SARS)

 

O que é a síndrome respiratória aguda grave (SARS)

 

A síndrome é uma doença respiratória, também denominada pneumonia asiática, ou pneumonia atípica, que foi descrita na Ásia, América do Norte e Europa. Foi descrita pela primeira vez em 26 de fevereiro de 2003, em Hanói, Vietnam, em um paciente proveniente de Hong Kong.

 

Quais os sinais e sintomas da síndrome respiratória aguda grave?

 

O período de incubação tem variado entre 2 a 10 dias (na maioria dos casos entre 2 a 7 dias). As primeiras manifestações da doença incluem febre alta (> 38.0°C) de início súbito, calafrios, dor muscular e tosse seca. Em 3 a 4 dias os pacientes evoluem com dispnéia, sendo comum achados radiológicos de infiltrado intersticial bilateral. Em 80 a 90% dos casos há significativa melhora dos sintomas a partir do 6º dia.

 

Em 10 a 20% dos casos os pacientes têm evolução para um quadro clínico mais grave, progredindo para insuficiência respiratória aguda, desenvolvendo um quadro de Síndrome da Angústia Respiratória (hipoxemia grave, refratária ao uso de oxigenoterapia), exigindo entubação e ventilação mecânica.

 

A letalidade neste grupo de pacientes tende a ser elevada. Os fatores associados à gravidade têm sido idade acima de 40 anos e presença de co-fatores de morbidade.

 

Como a SARS é transmitida?

 

A forma de transmissãoprincipal parece ser através de gotículas, isto é, quando algum doente de SARS tosse ou espirra, libera gotículas no ar e outra pessoa próxima respira essas gotículas. É possível que a SARS seja também transmitida através do ar de forma mais ampla ou de objetos contaminados.

 

Qual o agente causador da SARS?

 

Cientistas no CDC (Center for Disease Control, nos Estados Unidos) e outros laboratórios descobriram um coronavirus em pacientes com SARS. Por enquanto, este novo coronavírus ainda é a hipótese principal para a causa da SARS, mas outros vírus ainda estão sendo investigados como causas em potencial.

 

 

 

 

O que são coronavírus?

 

Coronavirus são um grupo de vírus que, à microscopia eletrônica, assemelham-se à coroa solar e por isso têm esse nome (clique para ver a foto de microscopia eletrônica).

 

Estes vírus são uma causa comum de doenças respiratórias leves e moderadas em humanos e são associados com doenças respiratórias, gastrointestinais, do fígado e neurológicas em animais. Os coronavirus pode sobreviver por até três horas no meio ambiente. Veja as principais características dos coronavírus clicando aqui.

 

Quais as evidências que sugerem que os coronavírus estão relacionados à SARS?

 

Os cientistas do CDC e outros laboratórios da rede da OMS isolaram um vírus a partir de tecidos de pacientes com SARS e utilizaram vários métodos laboratoriais para caracterizar o agente. O exame por microscopia eletrônica revelou que o vírus tem uma morfologia distinta, semelhante aos coronavírus. Testes de amostras de soros dos pacientes com SARS mostraram que os pacientes foram infectados recentemente com um coronavírus.

 

Outros testes demonstraram que os coronavírus estavam presentes em várias amostras clínicas dos pacientes, incluindo swabs nasais e de garganta. Além disso, análises genéticas sugerem que este novo vírus pertence à Família Coronaviridae, mas é diferente de outros coronavírus. Esses resultados de laboratório não são conclusivos para afirmar que os coronavírus são os causadores da SARS. Outras amostras estão sendo testadas, para a aquisição de outras informações sobre coronavírus e sua ligação com a SARS. Foram publicados alguns tra balhos científicos que afirmam o coronavírus como agente etiológico da SARS (ver aqui)

 

Pesquisas de laboratório

 

O único laboratório autorizado para diagnóstico do agente etiológico da SARS no Estado de São Paulo é o Instituto Adolfo Lutz da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, cujo Serviço de Virologia é um Centro Colaborador de Organização Mundial de Saúde/Organização Panamericana de Saúde. Esse laboratório está procendendo ao isolamento do agente etiológico em culturas celulares, de acordo com o protocolo do CDC, EUA, com todos as precauções de segurança nível 3.

 

Esforços estão em andamento para caracterizar melhor o papel de um coronavírus na SARS. A reação em cadeia pela polimerase (PCR), isolamento do vírus, estudos de microscopia eletrônica e estudos histológicos estão em desenvolvimento para detecção do vírus em amostras de pacientes com suspeita de SARS.

 

Já foram desenvolvidos e estão sendo aplicados em pacientes com suspeita de SARS testes de imunofluorescência indireta (veja um exemplo clicando aqui) e ensaios imunoenzimáticos para detectar anticorpos anti-coronavírus, como indicador da infecção. Os estudos de laboratório no CDC e da rede de laboratórios da Organização Mundial de Saúde detectaram este novo coronavírus em pacientes de SARS, o que é consistente com o papel etiológico na doença.O CDC detectou um metapneumovírus humano (paramixovírus) em um dos pacientes de SARS e outros laboratórios também detectaram esse vírus. O papel destes víru s na patogênese da SARS não está esclarecido.

 

Resultados de laboratório

 

Conteúdo: SARS: Disponibilidade e uso de testes de laboratório (08 de abril de 2003). Atualização sobre os testes diagnósticos (07 de abril de 2003)

Resumo dos principais resultados laboratoriais da Rede de Colaboração Multicêntrica da Organização Mundial da Saúde para estudar a etiologia e diagnóstico da SARS.  Resultados laboratoriais do CDC até o dia 5 de abril.

 

 

Qual o tratamento médico recomendado para pacientes com SARS?

 

O CDC recomenda que o paciente com SARS receba o mesmo tratamento que seria utilizado para pacientes com pneumonia atípica grave de causa desconhecida, em hospitais. Vários tratamentos tem sido utilizados mas não há informação suficiente para determinar se eles têm efeito benéfico. Tem sido utilizados antibióticos, para tratar agentes bacterianos conhecidos de pneumonis atípicas. Alguns tratamentos também incluem o uso dos antivirais ribavirina e oseltamivir, com ou sem o uso de esteróides. A terapia mais apropriada tem sido as medidas de suporte geral do paciente, assegurando a hidratação e o tratamento de infecções subseqüentes.

 

Existem casos no Brasil?

 

Baseando-se nas definições de caso apresentadas abaixo, permanecem até o momento, dois casos suspeitos no Brasil. O primeiro caso notificado ao CENEPI no dia 02.04.2003, trata-se de uma paciente procedente da Malásia, que realizou conexão em Cingapura há 08 dias.

 

A paciente evoluiu com quadro clinico satisfatório, já recebeu alta hospitalar e a avaliação radiológica está sendo conduzida conjuntamente com a Organização Mundial de Saúde. O segundo caso suspeito foi uma criança de 04 anos, residente em Sorocaba e internada no Hospital da Universidade de Campinas.

 

 

 

Esta criança esteve em Guangdong e Hong Kong, até a noite do dia 23.03.03, quando iniciou viagem com destino ao Brasil. No dia 03.04.03, iniciou com tosse, progredindo nos dias seguintes com febre e dispneia.

 

Desde os últimos dias vem evoluindo sem sintomologia. Apesar de ter sido recentemente divulgado que este não seria um caso suspeito, o Centro Nacional de Epidemiologia e a Secretaria Estadual de Saúde d e São Paulo, baseado no fato de que o caso preenche a definição estabelecida internacionalmente, mantém a classificação atual.

 

A Organização Mundial de Saúde incluiu o Brasil na lista de países com casos: 1 caso, a partir de 3 de abril e 2 casos a partir de 10 de abril. Os casos foram excluídos, pela OMS, do mapa de casos prováveis atuais no dia 01/05/2003.

 

Esse vírus pode ser o resultado de bioterrorismo?

 

Não há indicação da ligação da SARS com o bioterrorismo.