DROGAS
DROGAS

 


Introdução

 

 

 

            As drogas representam atualmente um grande problema social, pois além de provocar drasticamente graves problemas a milhares e milhares de pessoas, famílias e muitos setores sociais, se transformou em um comércio clandestino  que envolve lucros gigantescos.

            A problemática que envolve a questão das drogas não é um fato isolado, ela se tornou uma ameaça a todos, cabendo a cada um definir-se pessoalmente.  A intensidade em que a droga impera nos dias atuais torna-se um perigo constante à toda sociedade. Principalmente em uma civilização em decomposição, onde as estruturas familiares se desagregam e os valores humanos estão deixando de existir. A toxicomania não é um simples acaso ou uma exceção, ela passou a ser um triste caminho que leva uma multidão de indivíduos a segui-lo em busca do que eles pensam ser a felicidade. Na esperança de encontrar uma solução ou uma poção mágica para os problemas, uma  imensidão de adolescentes e jovens entram no mundo das drogas e acabam mergulhando num abismo de sofrimento, angústias e desilusões (CHARBONNEAU et. al, 1988).

            Sendo assim, a proposta deste trabalho foi levantar referencial teórico, sobre as causas e conseqüências que o uso indiscriminado de drogas podem promover ao organismo humano, bem como realizar pesquisa de campo com dependentes químicos que  encontram-se em tratamento em instituição de recuperação no município de Toledo.

 

Histórico das drogas

 

 

 

 

 

            Segundo VERGARA (2002) as drogas sempre fizeram presença na história da humanidade, e estas ao longo dos tempos foram muito mais liberadas do que proibidas. Ainda de acordo com o mesmo autor, o ópio foi provavelmente a primeira droga usada pelo homem, sendo historicamente a papoula conhecida a mais de oito mil anos.

            Cultivado em países asiáticos e orientais, o ópio é conhecido desde a antigüidade, foi indicado por Hipócrates, o pai da medicina para a cura de diversas doenças. Esta droga ficou conhecida na China desde o século VIII sendo usado como remédio, porém a partir do século XVII, criou-se o hábito de fumá-lo e o consumo aumentou em larga escala até o século XIX. A morfina que é um derivado do ópio apareceu no mercado em meados do século XIX,  na França, sendo que a partir daí começou-se o uso indiscriminado da mesma (CURY, s/d).

A maconha também é uma droga que já vem sendo usada ao longo da história há pelo menos cinco mil anos, porém o consumo desta droga se disseminou pelo mundo a partir da década de sessenta. No Brasil, o uso da maconha foi proibido pela Lei 4.294 de 6 de julho de 1921 (COHEN,1988).

Já o LSD é uma droga que surgiu em 1938 sendo descoberta pelo químico Hoffman da Suiça.  Esta droga foi considerada ilegal em quase todo o mundo a partir de 1968. Porém, o uso não diminuiu em razão da mesma continuar sendo produzida em laboratórios clandestinamente e distribuídas através de pequenos comprimidos. No Brasil a difusão do LSD foi pequena (TRULSON, 1988).

Quanto a cocaína, esta é uma droga que apareceu na Europa em 1806 sendo considerada de poderes miraculosos. No final do século XIX através dos experimentos de Sigmund Freud, a cocaína  foi recomendada como remédio para problemas digestivos, asma, entre outros. Porém,seu uso foi proibido a partir de 1914 pelo Congresso Norte-americano e em 1930, com o aparecimento das anfetaminas, a cocaína saiu de cena. No entanto ao longo dos tempos a anfetaminas também foram consideradas ilegais e a cocaína entrou em cena novamente (CURY, s/d).

 

 

Conceituando Drogas

 

           

VERGARA (2002)  afirma que drogas são substâncias usadas que produz alterações na consciência e no grau emocional do indivíduo.

Segundo KOSOVSKI (1998)  a Organização Mundial da Saúde define droga como entidade química ou mistura que alteram a função biológica e possivelmente a estrutura.  E que as drogas psicoativas são as que alteram o comportamento, humor e cognição do usuário. Agindo diretamente sobre os neurônios e afetando o sistema nervoso central. Já as psicotrópicas além de agir no sistema nervoso central provocando alterações de comportamento, humor e cognição, também possui propriedade para a auto-administração.

As drogas psicotrópicas podem ser classificadas em depressoras, estimulantes e perturbadoras do sistema nervoso central. As drogas depressoras são aquelas que diminuem as atividades das células nervosas. As estimulantes aumentam a atividade das células nervosas, enquanto que as perturbadoras são aquelas que desgovernam a atividade das células nervosas, levando o indivíduo a enxergar as coisas de maneira distorcidas ou deformadas (PAULINO 1994).

 Conforme ainda o mesmo autor, considera-se drogas depressoras o álcool,  solvente ou inalantes e os calmantes. As drogas estimulantes são a cocaína, anfetaminas e nicotina enquanto que as perturbadoras são a maconha, o LSD e os alucinógenos.

 

 

As drogas e seus efeitos

 

 

 

 

Drogas Perturbadoras

 

 

 

Maconha

 

 

 

            Planta de origem asiática, nome científico Cannabis sativa. As plantas deste gênero possuem efeitos psicotrópicos. A maconha é extremamente difundida na maioria dos países da América, Europa e Oriente.  Foi usada ao longo da história nos mais diversos tipos de culturas para mudar o humor, a percepção e a consciência, levando a estados que podem ser caracterizados como de entorpecimento ou de êxtase  (COHEN, 1988).

Por muito tempo a maconha foi indicada como medicamento analgésico, antiespasmódico e dilatador de brônquios, porém foi substituída pela medicina a partir do aparecimento da morfina e dos barbitúricos. Comumente a maconha é fumada, sendo que pequenas doses do tetrahidrocanabinol (THC)  provocam um efeito tranqüilizador, já em quantidades excessivas podem promover alucinações (PAULINO, 1994).

Segundo  COTRIM (1997)  a maconha causa efeitos físicos e psíquicos. Os efeitos físicos estão relacionados com vermelhidão dos olhos, boca seca, batimentos cardíacos acelerados. No psíquico os efeitos podem variar de pessoa para pessoa, em uns pode ocasionar uma sensação de calma e relaxamento, menos cansaço e vontade de rir, já para outros pode ocasionar tremor, sudorese, sensação de angústia, atordoamento, medo de perder o controle mental. Além disso, o uso da maconha produz pouca tolerância, portanto se o uso for interrompido  bruscamente pode causar irritabilidade, sudorese e perda de peso.

 

LSD

 

 

 

            Conforme TRULSON (1987) o LSD (ácido lisérgico) é uma droga sintética, sendo um dos alucinógenos mais potentes. Do fungo ergot, parasita que se desenvolve no centeio, produz o ácido lisérgico. A sigla LSD é uma sigla de origem inglesa. Criado em 1938 por Albert Hofmann para o tratamento de dores de cabeça.  Normalmente é ingerida via oral,  injetado na veia,  inalado ou absorvido pela pele.

            De acordo com TRULSON (1987) o LSD pode provocar alterações na percepção, confusão relacionado com tamanho, distância, distorção. Pode ainda provocar rápidas mudanças de ânimo, vertigens, fraquezas, tremores, turvamento da visão, arrepios ou formigamento na pele. Além dos efeitos psicológicos, o LSD pode gerar diversas mudanças fisiológicas, como dilatação das pupilas, alteração dos batimentos cardíacos, da pressão sangüínea e da temperatura do corpo. Pode promover também o aumento na  taxa de açúcar no sangue, produzir calafrios, dores de cabeça, tontura, náuseas e vômitos.

 

           

 

 

Drogas Estimulantes

 

 

 

 

Cocaína

 

 

 

            De acordo com PAULINO (1994) a cocaína na América do sul, mais especificamente no Peru, Bolívia e Equador é um arbusto chamado  Erythroxylon coca. As folhas dessa planta que é extraída a cocaína, uma droga estimulante do sistema nervoso.  Comumente é vendida em forma de um pó branco e fino, podendo ser aspirado ou aplicado diretamente nas veias dissolvido em água.

           

            Conforme COTRIM (1997) a cocaína se for injetada  diretamente na veia tem efeito imediato, embora o efeito seja de pouca duração mas é de grande intensidade provocando uma sensação de euforia e poder. Ela também produz um estado de excitação, hiperatividade, insônia, falta de apetite e perda de cansaço. Uma dose maior pode provocar problemas mais sérios como irritabilidade, agressividade, delírios e alucinações. Dependendo da dose injetada pode provocar convulsões, além do que pode produzir a dilatação dos olhos, embora os maiores efeitos concentram-se no sistema cardiovascular.

 

Anfetaminas

 

 

 

 

            Segundo  KOSOVSKI (1998) as anfetaminas são drogas medicinais restrita e limitada, criadas em laboratórios. São também conhecidas como “bolinhas”, sendo encontradas e ingeridas em tabletes ou em cápsulas. Pode ainda ser encontrada de forma pura e utilizada por aspiração ou injetadas na veia após diluída em água.

            Já McLELLAN, BRAGG & CACCIOLA (1988) enfatizam que as anfetaninas são drogas  que estimulam o cérebro e o corpo, provocando sensações de euforia e poder e aumenta a sensibilidade.  Estas drogas  são prescritas por médicos como reguladores de apetite, comumente usado em regimes de emagrecimento.

            PAULINO (1994) afirma que as anfetaminas podem causar efeitos semelhantes a cocaína,  como perda do sono, falta de apetite, fala rápida, ausência de  cansaço, ficando         “ligada”  ou “acesa”. Pode ainda provocar dilatação das pupilas, aumento de pressão arterial, das pulsações do coração, podendo ainda dependendo da dose provocar convulsões e alucinações. Após o uso excessivo de anfetaminas, a pessoa pode ter depressão, desespero.

            De acordo com CURY (s/d) as anfetaminas produzem alta dependência psicológica, semelhante a provocada pela cocaína.

 

Nicotina

 

 

 

 

            A nicotina é uma droga estimulante leve do sistema nervoso, sendo um produto comercializado, produzido e consumido regulamentado por lei.  É encontrada nas folhas da planta  Nicotiana tabacun, conhecida popularmente como tabaco ou fumo. O tabaco além de produzir a nicotina, também  apresenta outras substâncias como o alcatrão, o monóxido de carbono e o benzopireno (PAULINO, 1994).

            Segundo VERGARA (2002) a nicotina é uma droga que vicia com mais facilidade que as outras, embora seja mais leve.

            Segundo COTRIM (1997) não está confirmado que os problemas de saúde  relacionados ao consumo de cigarros se devem a nicotina ou outros componentes do tabaco. O cigarro expõe o fumante a uma série de doenças como as respiratórias e cardiovasculares. Além disso, os usuários estão propensos ainda a desenvolver o câncer no estômago, garganta,  língua, esôfago; úlceras nas mulheres fumantes tendem a gerar filhos com pouco peso e parto prematuro.

            Segundo PAULINO (1994) a nicotina pode provocar contração das artérias, aumentar a pressão arterial e o ritmo das pulsações di coração. O alcatrão existente no tabaco pode irritar os órgãos respiratórios, favorecer doenças como a bronquite enfisema pulmonar. Quanto ao monóxido de carbono, este pode dificultar o transporte e a distribuição de oxigênio nas células do organismo, diminuindo a resistência física e prejudicando a atividade mental. Em relação ao benzopireno, o mesmo autor afirma que esta substância pode provocar o câncer.

 

 


Drogas Depressoras

 

 

 

 

 

Álcool

 

 

 

 

            O álcool é uma droga psicotrópica, é um produto de fermentação natural extraído de frutos, grãos, folhas, seiva e até flores. Considerada uma substância tóxica mesmo ingerida em pequenas doses. Na história da humanidade, acredita-se que o álcool seja o mais antigo psicotrópico produzido pelo homem. Mesmo causando grandes malefícios ao organismo é a droga mais usualmente consumida no mundo inteiro, sendo usada desde os primórdios para combater estados emocionais desagradáveis, intensificar prazeres e atenuar as inibições (McLELLAN, BRAGG & CACCIOLA,1988).

            Segundo PAULINO (1994) o álcool é uma droga psicotrópica que mais faz vítimas no Brasil e no mundo.

O tipo de álcool existente nas bebidas alcoólicas é o etílico. Por ser usado mundialmente para fins recreativos ou religiosos, muitas pessoas não a encaram como droga. O uso ocasional ou moderado não tende a causar grandes danos à saúde. Já o uso regular, mesmo que seja em pequenas doses, leva ao desenvolvimento de tolerância. Já o uso crônico e em grandes doses apresenta altos riscos à saúde, podendo causar grandes danos ao cérebro, fígado e outras partes do aparelho gastrintestinal (COTRIM, 1997).

Segundo  CURY (s/d) o álcool pode causar uma série de anomalias orgânicas ou psicológicas, entre elas a cirrose hepática, esteatose hepática, lesões cardíacas, pancreatite crônica.

De acordo com PAULINO (1994) o álcool também pode favorecer o aparecimento de gastrites e de úlceras no fígado. Além de ser responsável por inúmeros acidentes e mortes de trânsito.

O álcool tem o poder de alterar sensações, sentimentos e habilidades das pessoas. É uma bebida que produz efeitos estimulantes a princípio, mas logo em seguida o efeito inverte provocando depressão. Este tipo de droga não tem efeito único e específico, variando de pessoa para pessoa, porém os sintomas mais comuns são a tristeza, a alegria, a raiva ou qualquer outro obsessão (McLELLAN, BRAGG & CACCIOLA,1988).

 

 

 

Solventes ou Inalantes

 

 

 

            Segundo PAULINO (1994, p. 26, 27) o solvente é qualquer substância capaz de dissolver alguma coisa. Já o inalante é toda substância que pode ser aspirada pela boca ou nariz. São substâncias voláteis que deprime o sistema nervoso  central. A mistura dessas substâncias forma uma droga conhecida popularmente como “cheirinho-da-loló”,  algo parecido com o lança-perfume.

            De acordo com COTRIM (1997) tanto o “cheirinho-da-loló” como o lança-perfume fazem parte do grupo de solventes e inalantes. O “loló”  é um produto de fabricação clandestina que contém  éter e clorofórmio. O efeito é embrigante e parecido com lança-perfume. De acordo com o autor, após a aspiração o início dos efeitos são quase que imediatos, porém desaparece entre quinze a quarenta minutos.

            Segundo COTRIM (1997) os efeitos dos estimulantes e inalantes são estimulação inicial, seguida de depressão, podendo ocorrer alucinações. A aspiração repetida pode levar à desnutrição dos neurônios cerebrais, causando lesões irreversíveis. O uso crônico também pode levar à apatia, dificuldade de concentração e perda de memória. eles não atuam em outros órgãos, mas seus efeitos colaterais podem ser muito perigoso.

            Os efeitos dessas substâncias  voláteis são transitórios, porém resultam em riscos graves para a saúde. Entre os efeitos, o mais freqüente é a síndrome cerebral-orgânica aguda, caracterizado por vertigens, perda de memória, incapacidade de concentração, confusão e hilaridade (REVISTA DECISÃO, s/d).